quarta-feira, 1 de janeiro de 2014


Irving Rosenfeld (Christian Bale), um vigarista pequeno, e a sua sedutora parceira, Sydney Prosser (Amy Adams), são forçados a trabalhar para um agressivo agente do FBI, Richie DiMaso (Bradley Cooper) que os empurra para o poderoso mundo da máfia de Jersey. Os vigaristas são forçados a trabalhar como informadores das autoridades com o objetivo de desmascarar uma rede de corrupção que se estendia de Atlantic City a Washington.Passado na década de 70 do século passado, baseia-se na história real da Operação Abscam levada a cabo pelo FBI.



Antes de começar esta crítica, queria apenas apontar para o facto de que quando entrei na sala de cinema pouco tinha ouvido deste filme e ainda não tinha visto o trailer. As minhas expectativas não eram nada de especial. Ainda assim, consegui ser bastante desiludido por este filme.

Um elenco de luxo, um realizador aclamado, fotografia e caracterização excelentes e um argumento que não aproveita metade do potencial que o filme tem.

Todos os actores estiveram muito bem. Christian Bale provou de novo que consegue transformar o seu corpo radicalmente, apresentando-se gordo e corcunda neste filme. Bradley Cooper volta  a reafirmar-se como um excelente actor. Amy Adams tem uma performance muito boa, mas que não se destaca por estar rodeada de tanto talento. Jeremy Renner apresenta-se numa personagem fora do seu usual, e impressiona pela positiva. Jennifer Lawrence simplesmente prova novamente que consegue pegar em qualquer papel e actuá-lo como ninguém.


O filme está muito bem realizado e a fotografia é única. Os actores parecem reais no écran, com maquilhagem mínima quando apropriado e com nenhuma correção em pós produção que seja visível. O filme conseguem realmente criar a ilusão de anos 70.

O filme tem tudo para se um sucesso, tirando uma base, um bom argumento. David O. Russell disse que grande parte do filme foi improvisada. Quando confrontado com o facto de que isso poderia alterar muito a história, ele disse que se descobriria o filme à medida de que este fosse avançando.

O filme foge muito à estrutura usual dos filmes de Hollywood, o que pode ser muito positivo, quando feito bem. Neste caso, a execução foi muito fraca. O filme não consegue que as personagens, com imenso potencial, o revelem. Isto acontece porque estas não são exploradas pelo argumento e porque as relações entre elas são fracas. Com um argumento razoável, o potencial das personagens e o elenco de luxo, este aspecto podia ter sido muito melhor.


No entanto, com as personagens disponíveis, o filme nunca poderia estrelar. Ao fugir da estrutura de Hollywood, o filme foge à estrutura mais básica das histórias. Não há antagonistas ou protagonistas claros, não há vilões ou heróis. Mas é possível fazer um filme sem isso. Não é possível é fazer um filme en que o espectador não se conecte com os personagens. E, a meu ver, nenhum dos personagens deste filme nos faz preocupados com o seu futuro. Não temos nenhum personagem com que nos identifiquemos ou que queiramos que tenha sucesso ou que falhe. Temos uma história da qual estamos completamente alienados.

No final do filme ficamos com a sensação que nos foi contada uma história, que apesar de boa, não tínhamos interesse que nos fosse contada, e com a qual não nos relacionamos. 

Apesar de aclamado por muitos, e por isso mesmo, considero este filme uma grande desilusão. Não vale, deveras, a pena.


O melhor: A fotografia. A realização. As excelentes performances dos actores.  A caracterização dos anos 70.

O pior: O desaproveitamento das personagens. O argumento. O afastamento do telespectador da história final.

Nota Final: 4/10

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